O fading pode ser considerado como uma falha crítica nos sistemas de freio, uma vez que o veículo pode perder total ou parcialmente a capacidade de frenagem, mas o que leva a ocorrência desse fenômeno?
O fading consiste na redução da eficiência de frenagem devido ao aquecimento dos componentes. Uma frenagem eficiente depende do atrito entre pastilhas e discos, ou das lonas nos tambores. Este aquecimento prejudica o fenômeno do atrito entre si, nos casos brandos aumenta a distância de frenagem e reduz a segurança e a confiabilidade do sistema, nos piores casos pode ocasionar a perda total dos freios por um tempo até que a temperatura diminua.
Em algum outro momento aqui no página de freios do blog já citamos o exemplo em que uma pessoa dirigindo um veículo em uma quantidade excessiva de declives (uma serra) utilizando em sua maior parte do tempo ou em sua totalidade o sistema de freios acionado pelo pedal (sem auxílio do freio motor) e depois de algum tempo o veículo começa apresentar diferença nos freios, tornando-se perceptível a incapacidade de se parar completamente o veículo ou reduzir de forma realmente efetiva a velocidade. Esse é um problema bem comum em veículos de grande porte e menos modernos, onde o sistema implantado não têm recursos térmicos bem desenvolvidos e são mais suscetíveis a sobrecarga.
Fisicamente um sistema de freio funciona basicamente “pegando” a energia cinética do movimento das rodas e transformando-a principalmente em calor, que se dissipa para o ambiente. Quando o sistema começa a gerar mais calor do que consegue dissipar, ele começa a se aquecer, e quando esse aquecimento chega ao ponto crítico, o fading acontece inicialmente afetando somente a eficiência, mas podendo chegar a perda total dos freios. Na imagem mostrada a seguir mostra um aparato feito para que motoristas sem freios em serra, possam ter uma área de escape, onde há uma enorme quantidade de britas que realizam a parada do veículo através do contato com os pneus:
Figura 1: Caminhão sem freio entra em área de escape e realiza a parada (Fonte: Youtube)
No vídeo dois caminhões utilizam a área de escape quase que ao mesmo tempo, mostrando como esse fenômeno pode ser bem recorrente, principalmente no Brasil, onde a frota de veículos de grande porte é composta em boa parte por veículos de mais de 20 anos de fabricação.
Descrevendo o processo: O calor é resultado do atrito entre os materiais de fricção presentes nas lonas ou pastilhas, esse calor se transfere para os componentes do sistemas por condução e com as massas de ar correntes (vento) através da convecção esse calor é transferido para o meio ambiente. Com o veículo sobrecarregado, os sistemas de freios, principalmente os dianteiros, são muito solicitados, tendo que realizar frenagens mais “fortes” para conseguir reduzir a velocidade, quando se pensa em “frenagens fortes” no sentido físico nada mais é que seu sistema precisará tirar uma quantidade maior de energia cinética do sistema, gerando assim, consequentemente, uma quantidade maior de calor, esse calor não dissipado faz com que a temperatura do sistema aumente, o que pode gerar resultados catastróficos. O que faz com que essa situação seja frequente em serras é justamente essa demanda por frenagens de forma consecutiva, fazendo com que o sistema seja muito solicitado em pequenos intervalos de tempo e acumulando calor e aumentando sua temperatura.
Brake safety and design - Third Edition. 2011., Rudolf Limpert.
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