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Foto do escritorRampage Baja

Os carros elétricos realmente são ruins?

O mercado de veículos elétricos (EV, sigla do inglês) tem crescido em média 60% ao ano, e projeções indicam que até 2030 cerca de 30% da frota de veículos no Brasil será composta por carros da modalidade. Porém, ainda hoje, muitas pessoas não acreditam no potencial desses automóveis e tentam criar problemas e situações que comprometam a sua imagem diante dos veículos a combustão interna (ICE, sigla do inglês). Esses argumentos geralmente são poucos explorados, o que acaba gerando uma verdade parcial, ou são sem fundamentos. Hoje iremos falar sobre os principais argumentos utilizados por essas pessoas e o porquê estão erradas.


Por se tratar de uma tecnologia de certa maneira recente, muitos acreditam que manter um EV é algo muito caro, principalmente com a manutenção. No entanto, os ICE’s apresentam uma infinidade de componentes quando comparados com um similar elétrico, o que gera uma chance muito maior da necessidade de reparos aos automóveis convencionais, e também apresentam várias peças que precisam de trocas periódicas, tais como velas, correias, filtros de combustível e óleo, o que não é uma preocupação aos proprietários de veículos elétricos. De maneira geral, os EV’s têm uma economia de 50% na manutenção quando comparados com os veículos de combustão interna.


Essa economia se limita apenas aos gastos com o próprio carro? Não, ela se estende aos impactos ambientais, porém muitos discordam disso. É sempre importante entender os dois lados da moeda antes de afirmar qualquer coisa. Por isso, vou lhe explicar o porquê acreditam que os EV’s têm uma pegada de carbono muito maior do que os ICE's. Bom, a produção da bateria a base de lítio necessita da mineração desse material, que gera a emissão de grandes quantidades de carbono, e ao falarmos de um veículo com uma boa autonomia, pode-se chegar a uma liberação de 17 toneladas de CO2 na atmosfera por automóvel. Em contrapartida, a produção de um carro a combustão emite cerca de 7 toneladas do gás.


Com base nesses dados, temos a sensação de que os veículos elétricos de fato têm a pegada de carbono 140% maior, porém, não é assim, essas análises devem se estender para fora das fábricas. Os ICE’s emitem em média 5.2 toneladas de CO2 por ano, o que na vida média do carro representa quase 60 toneladas do dióxido de carbono, sem contar os outros tipos de poluentes que são emitidos com a exploração do petróleo. Por outro lado, os EV’s não emitem nenhum tipo de poluente na atmosfera, e mesmo que, entre as fontes de energia para recarregar a bateria do veículo consideremos a mais poluente entre elas, em menos de dois anos a combustão interna se torna a opção menos econômica em relação a pegada de carbono.


As baterias dos carros elétricos também são palco de uma outra polêmica. Existe uma crença de que elas não são seguras tanto para o motorista e passageiros quanto para quem estiver por perto. Essa é baseada no fato de que existem baterias de celulares e notebooks, também de lítio, que pegaram fogo e outras que explodiram. Esses casos, em sua maioria, são justificados por erros da empresa ao projetar o componente, usando uma densidade da bateria muito elevada e causando esses acidentes. Em resposta a esse argumento, as empresas de veículos elétricos investem muito em pesquisas a fim de aprimorar suas baterias para terem mais segurança. A Tesla, maior empresa de EV’s, afirma que a segurança das baterias é a prioridade máxima da companhia. Como prova disso, nunca se teve algum registro de acidente causado pela bateria e ainda é utilizado uma camada de titânio revestida por uma parede de alumínio com uma espessura de ¼ de polegada, para garantir uma maior segurança a todos.


Por tanto, com essas informações é meio difícil afirmar que esse componente realmente representa uma ameaça, porém, com os fatos a seguir podemos dizer que esses, na verdade, trazem mais segurança. Os carros elétricos, em sua maioria, apresentam as baterias na parte inferior do veículo, o que resulta em um centro de gravidade muito baixo, fazendo com que as chances de capotarem sejam reduzidas significativamente. A fim de ilustrar essa redução, tomamos dois carros, o Model X (SUV da Tesla) e Classe C AWD (sedan da Mercedes). O primeiro carro tem 9,3% de chance de capotar após uma colisão contra 11% do segundo. Devido ao posicionamento da bateria, o SUV elétrico se torna uma opção mais segura mesmo sendo muito mais alto.


As pesquisas feitas sobre as baterias não ficam apenas no campo da segurança. Por muitos anos a autonomia dos EV’s foi um grande problema, porém, muitos investimentos foram feitos nessa área e temos observado ótimos resultados. Como tem gente que acredita na Terra plana, também tem gente que não acredita na boa autonomia dos carros elétricos e complementam dizendo que eles não têm potência. Novamente usaremos fatos. Foi anunciado pela Tesla o Tesla Roadster, o carro da empresa que tem uma autonomia de 1000 km, faz 0-100 km/h em 1,9 segundos e passando dos 400 km/h se tornando o veículo de rua mais rápido do mundo. Portanto, esse argumento também não é válido considerando o patamar em que os carros elétricos chegaram.


Os EV’s de fato estão chegando a um nível muito alto, mas para os amantes do automobilismo o som do motor a combustão somado à sensação de dirigir um veículo com uma transmissão manual é insubstituível, e eu até concordo. Porém, é imprescindível que coloquemos tudo em uma balança e vejamos qual terá mais peso, os EV’s ou os ICE’s. Com base em tudo que discutimos fica fácil de dizer que são os carros elétricos, concorda?

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